(Marcelo Rocha Monteiro – Procurador do MP/RJ)
Vejam como é preciso ter cuidado com as informações que recebemos da mídia, especialmente nestes tempos de pandemia.
A CNN vem fazendo uma cobertura jornalística da crise sanitária infinitamente mais honesta do que a do grupo Globo, o qual, basicamente, desistiu do jornalismo e passou a fazer uma campanha histérica pelo isolamento horizontal e de ataque – ou simplesmente censura – contra quem ousar ter opinião diferente.
Mesmo assim, reparem o que ocorreu agora há pouco na CNN: o jovem casal de âncoras chamou o (ótimo) comentarista Leandro Narloch para explicar a razão pela qual, segundo os dois jovens jornalistas, a suposta “falta de testes poderia esconder taxa de letalidade MAIOR” (exatamente como está escrito com letras pretas na faixa branca, na imagem acima).
Entra então o Narloch e, corretamente, mostra exatamente o contrário:
a falta de testes faz com que se trabalhe com um número oficial de doentes (não de mortes, vejam bem) muito MENOR que a realidade.
Como a taxa de letalidade é obtida dividindo-se o número de DOENTES pelo número de MORTES, sendo o número real de doentes MAIOR do que o oficial, o índice de letalidade real é muito menor que o oficial.
Oficialmente, estão morrendo cerca de 7% dos que adoecem.
Na realidade, porém, estariam morrendo cerca de 0,3% do número REAL de doentes.
Claro que é possível que haja algum caso de morte por coronavírus não notificado por não ter sido testado.
É evidente, porém, que o número de pessoas vivas que não se consegue testar é infinitamente MAIOR que o número de mortos que não se consegue testar – por motivos óbvios.
Em resumo: o telespectador da CNN ouviu do comentarista (correto) o exato oposto do que lia na leganda (errada).
Dá pra melhorar, pessoal. Dá pra melhorar.